segunda-feira, 27 de julho de 2009

Carta de um parente do Barão de Buíque




Recebi e fiquei bastante alegre, uma carta cheia de dados históricos sobre a figura memorável do Barão de Buíque, e então Comandante da Guarda Nacional de Cimbres e primeiro Prefeito constitucional do Município do Brejo da Madre de Deus, Estado de Pernambuco, Coronel Franscisco Alves Cavalcanti Camboim, firmada pelo seu parente Dr. Orlando Marques Cavalcanti de Albuquerque, agora de saudosa memória, e que fora um ilustre pesquisador de História Municipal de Pernambuco, além de Magistrado e genealogista famoso. Era um dos Patronos do Colégio Brasileiro de Geneologia(RJ), ocupando a cadeira de Nº 28. Dr. Orlando Cavalcanti era considerado PAI DA MODERNO GENEOLOGIA PERNAMBUCANA. Nasceu no dia 15 de outubro de 1919 e faleceu no dia 12 de setembro de 1984, com 65 anos. Foi um dos fundadores do Instituto de Geneologia de Pernambuco em 1943 ainda muyito jovem com 24 anos de idade. Escreveu muitos artigos, livros, crônicas, publicou verbetes genealógicos, além de incontáveis trabalhos nas revistas ANUÁRIO GENEALÓGICO LATINO, ANUÁRIO GENEALÓGICO BRASILEIRO e REVISTA GENEALÓGICA LATINA.
Foi membro do Instituto Arqueológico, Histórico e geográfico de Pernambuco, dos Institutos Históricos da Bahia, São Paulo, Ceará e Pará, do Instituto Genealógico Brasileiro e do Colégio Brasileiro de Geneologia, onde era Patrono ocupando a Cadeira Nº 28.

Eis a íntegra da missiva que dele, com muita honra recebi:

"Olinda, 13 de julho de 1980

Mui distinto Newton Thaumaturgo

Saúde e prosperidade.

Dou em meu poder sua atenciosa carta de 30 de junho último, que agradeço, comento e precariamente respondo.

É verdadeira a afirmação de Yonne Cossta e do Dr. Sílvio Paes Barreto de que tenho a máxima satisfação em atender a pedidos de esclarecimentos genealógicos ao meu alcance. Havendo atingido os sessenta anos de idade, conto quarenta de pesquisas levadas a efeito em fontes diretas, com austeridade e carinho. Mal sucedido com ser solícito vendo notas mnhas divulgadas sem indicação de procedência, e não raro deturpadas, nem por isso deixarei de servir, prestando o modesto concurso de que seja capaz, a quem dele necessite.

A Yonne já me falara a seu respeito, por telefone. Colocarei o meu arquivo à sua disposição, em Gravatá, na primeira oportunidade, o que só não pode ser feito de imediato pela simples razão de há cerca de um mês venho procedendo a mudança do mesmo - e a minha própria mudança - para uma granja que possuo naquela cidade, Trabalhando ao longo da existência sem auxílio de esécie alguma e pessoa alguma, não pude jamais emprestar ao material coligido a sistematização que seria de desejar, mas vou conseguindo movimentar-me dentro de tal acervo, ora parado, ora reunindo papéis.

Longe de organizar propriamente, logo que haja "arrumado a papelaria" e posto à mão subsídios que mais pareça virem a ser do seu interesse, terei muito gosto em atender ao seu apelo, desde que disponha das notícias deprecadas. Combinaremos algo a respeito. Através de nossa correspondência, ou mediante encontro pessoal, imagino satisfazer ao questionário proposto, ao menos em parte, sem ônus e sem restrição de qualquer natureza. Peço-lhe não ter para comigo cerimônia, eis que sou talvez excessivamente informal junto a todas as pessoas, do engraxate ao Papa.

Folgo em saber de seus progressos quanto à personalidade do repetidas vezes meu primo-avô Barão de Buíque, título que estava paraser concedido ao meu ^bisavô José Marques de Albuquerque Cavalcanti quando este foi vitimado pelo 2º Colera-morbus (1862), em Buíque. Com a morte do Barão de Atalaia, do nosso ramo genealógico, parentes quiseram fosse escolhido um novo Barão na família, tendo o consenso apontado o expressivo nome de José Marques a fim de ser levado à consideração de seu consanguíneo (primo de seu pai) o Marquês de Olinda. Encaminhado o apelo, falece o vulto em objetiva. Cogitou-se, depois, de outro nome, que teria simpatias do Conselheiro João Alfredo: Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti Budá ( que esta era a sua assinatura), pai do Cardeal Arcoverde. Mas Budá faleceu em 1870: sua filha e minha grande amiga D. Maria Cavalcanti Pires dizia que o pai, ao morrer, estava realmente para ser agraciado com a carta de Barão. Mais feliz em relação ao título infelizFrancisco Alves Cavalcanti Camboim é finalmente o nobre em expectativa, que antes e acima de nobre, era fidalgo: parece nao foi ditoso, pois viveu perseguido pela àstma e morreu pobre.

Ainda lhe falarei sobre o homem Camboim, amigo dedicado, parente magnífico - dando-lhe, então, a versão que logrei recolher sobre esse nome . Até certa idade chamava-se Francisco Alves Cavalcanti de Albuquerque: seu pai, Alferes Francisco Alves da Silva (o Alferes do Poço), assim o expressa em documento.

Fui quem primeiro os nomes precisos dos seus avós, e pude estabelecer a sua vinculação completa a Jerônimo de Albuquerque, o Adão Pernambucano. Houve quem utilizasse esses e outros informes...

Acredito que o meu amigo Raul Camboim de Vasconcelos e o Sr. Clóvis Tenório pouco terão a esclarecer, mas a tentativa procede.

Nanú, a Baronesa (Anna Olímpia de Siqueira Cavalcanti, igualmente minha prima-avó diversas vezes), era uma senhora bonita e prendada. Retratos de ambos sairão em livro meu. Caso tenha reprodução deles, mandar-lhe-ei a qualquer momento: se tiver é em tamanho pequeno. Não estranhe se isso ocorrer seguindo retratos, e depois notas, desacompanhados de carta. Ando atribulado com a mudança, e "dande muitas voltas no corpo...".

Apreciei bastante saber que teremos em breve seu trabalho sobre o velho Buíque, um manso de quando havia tantos brabos. Ele merece a homenagem e percebo desde logo estar em boas mãos, certamente em excelentes mãos. Como seuu livro "está praticamente no prelo", talvez não seja possível entregar-lhe uma colaboração de algum valor, ainda que pequeno, ante o fator tempo e em face da circunstância exposta. Mas tentarei.

Escrevi ao correr do teclado, sob a inspiração da verdade.

Abraço-o com apreço.

ORLANDO MARQUS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE


P.S.- permita alertá-lo: cuidado c/genealogias do Agreste e do Sertão..."

Esta Carta foi transcrita para o livro que fiz publicar sobre o "Barão de Buíque - 1808-1896".

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