sábado, 26 de maio de 2012

BREJO DA MADRE DE DEUS: REMINISCÊNCIAS -1-


      O Brejo da Madre de Deus, tem muitas coisas bonitas dadas pela própria natureza, a exemplo da SERRA DA PRATA, que quando molhada pela chuva e recebendo luz solar ou da Lua, fica brilhando como se fôsse de prata, daí a origem de sua denominação. Na grande pedra que forma a SERRA DA PRATA, adjacente a cidade, ainda se notam "efígies" formadas naturalmente por manchas na enorme lage, como uma CRUZ e o formato de um BISPO com Báculo à cabeça, é só localizar por indicação de quem já sabe onde fica, e se ver tudo a olho nú.

      O "BANHO DO ESCORRÊGO", cuja bica oferece em água corrente formidável banho ao ar livre, onde as pessoas têm contato dirto com a natureza e sem pagar nada.

      O COQUEIRO que nasceu e cresceu unido a uma GAMELEIRA no tôpo da antiga "LADEIRA DO S", no lugar Sítio Jaracatiá, na margem da rodovia que se destina à Vila de Fazenda Nova, dois quilômetros aproximadamente, da cidade do Brejo, um exemplo de UNIÃO e AMOR.

      As PALMEIRAS IMPERIAIS, as TAMAREIRAS de outrora, muitas árvores frutíferas, belas IGREJAS, bonitas IMAGENS, além dos SOBRADOS azulejados, com linhas arquitetônicas de estilo Europeu.

     As "SERRA DO PONTO" e do "AMARO", o "PINÁCULO", o RIO CAPIBARIBE, O RIO CABAÇAS, AÇUDINHO, RIACHO TABOCAS, \RIACHO SALÔBRO, BENGALA, SÃO FRANCISCO, CAJAZEIRAS, JUÁ, VEADO PÔDRE, JARACATIÁ, RIACHO DO MEIO, RIACHO DA CRAIBEIRAS, RIACHO MANDACARU, LAGOA DO INGÁ, BITURY, MULUNGU, RIACHO MADRE DE DEUS, ALDEIA VELHA, RIACHO JATOBÁ, RIACHO DA SERRA, RIACHO DOCE, e uma infinidade de pequenos  riachos de portes menores. E os famosos CACIMBÕES que existiam em quase todas as casas? Alguns ainda permanecem com suas límpidas águas para consumo.

      Quem sendo do Brejo não se lembra da grande produção de GOIABAS com destaque para o lugar TABOCAS, quando caminhões e mais caminhões conduziam essa gostosa fruta para as fábricas de doces em Pesqueira, Belo Jardim e Olinda, além da grande quantidade de bananas in natura que o Município?

      O Brejo foi um dos maiores produtorea regional de café, algodão, pinhas, maracujás, jacas, canas de açúcar, mangas e laranjas, além de cenoura e beterrabas, ainda o tomate. Hoje tudo quase inesxistente. 

      Quem não se recorda das videiras(plantações de uvas) de propriedade de ELIZEU TABOSA adjecente ao Posta de MOnta de então na cidade? As uvas dos parreirais de Elizeu foram alvo de natítica em jornais da época e com elogios que diziam ser idênticas as melhores uvas produzidas em Portugal.

      Havia abundância em tudo, na produção de milho, de feijão, de côcos na região da Vila de Mandaçaia, por toda margem do rio Tabocas. A produção de RAPADURAS não era menor. Engenhos em Bitury e propriedades próximas, além de outras localidades do Município.

      O comércio varejista no Brejo foi relativamente grande. Várias casas de tecidos, de cereais, padarias como a do Sr, Joca Tabosa(João Pereira Tabosa), com aquela fidalguia sem limites, depois substituído pelos filhos Pedro nesse setor, por sinal, todos os filhos de Sr. Joca Tabosa, foram e são criaturas bem educadas: Irene, Gercino, Miguel Pedro, Olga Lia, Elizeu, etc.

      Quem do Brejo na década de 50 não se recorda dos PIRULITOS que vendia dona RITINHA mulher do Sr. NECO AMARAL, homem inteligente, que foi Tabelião no Brejo?

      Recordações do CLUBE DOS 20, no sobrado azulejado da Rua São José, onde hoje se situa o MUSEU do Brejo; do GRÊMIO criado e instalado também na Rua São José, cuja Diretoria era composta por Jussy Amorim, Dulce Pinto, Leonor Falcão, Edson Wandeley, José Marinho, Jurandir Amorim e outros jovens da época que nos falha a memória. Foi talvez de 4o anos para cá, a época que a Sociedade do Brejo esteve na melhor fase,pois o GRÊMIO era organisado a ponto de não ser permitida a participação de pessoas suspeitas ou não devidamete apresentadas. Era uma Sociedade verdadeiramente sadia.

      A política mal dirigida, acabou com quase tudo de bom.

      No setor desportivo, o Brejo contava com o HUMAITÁ FUTEBOL CLUBE, com o UNIÃO SPORT CLUB e o INDEPENDENTE SPORT CLUB. Jogava-se Voleibol (Voley-ball) e todas semanas jogava-se com equipes de outras cidades, uma partidano Brejo e outra na cidade visitante. 

     Havia o chamado PRADO (corrida com cavalos), bingos, bailes e festas. Os festejos juninos, carnavalescos, eram animados, Tudo isto acabou. Até as festas das NOVENAS não se ouve nem falar mais. A FESTA DE NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO no dia 15 de Agosto, também não é a mesma em comemoraçao. As brincadeiras do SÁBADO DE ALELUIA ("Sítio do Judas") não mais se faz, o "progreso" e as mudanças religiosas mataram os eventos tradicionais.

      Até as "Festas de Casamentos" hoje são diferentes. Os festejos do NATAL, com ALFININS, GELADAS, GAZOZAS, bolsinhas com CASTANHAS CRISTALIZADAS, PATORÍS, passeios na "SÔPA"(ônibus) nas noites dos dias de festa, carrosséis, cinema, barracas com saborosas "galinha de capoeira", perús assados, Conhaque da marca "MACIEIRA 5 ESTRELAS", nozes portuguesas para os de melhores condições financeiras e GENGIBIRRA para os pobres. Barracas típicas e muito respeito na hora de "MISSA DO GALO". Muitos parabéns e confraternizações na "PASSAGEM DE ANO NOVO". Hoje essa "PASSAGEM" causa receio fazer-se na praça pública pela a violência que impera, até as luzes das cidades já não se apagam na hora da 'PASSAGEM DO ANO NOVO".

      O Brejo da Madre de Deus, repositório de tantas tradições, está hoje bem difrente, e se não houver quem preserve algumas coisas ainda existente, como as fachadas dos prédios antigos, daqui a 20 anos a sua história será um triste registro de decadência histórica, e nada mais.

     Não faz muito tempo e quase todas as noites, o povo brejense se divertia comparecendo aos cinemas locais, isto é, CINE CARLOS GOMES, que começou a projetar filmes mudos, com o Sr. MARU tocando trombone, acompanhado por um tocador de violão, onde no interior do prédio existiam duas telas pintadas à óleo nas paredes, propaganda da então "Pharmácia Porto", e pintada por um tal XAVIER, que assinava desenhando uma CHAVE  e as letras 'ER' no final. Existia ainda uma grande cabeça de um LEÃO, de cuja boca saía a projeção. Começava as 8 horas da noite, depois de três AVISOS dados por uma 'CAMPAÍNHA' elétrica estridente que ficava defronte ao prédio do CINE CARLOS GOMES. Depois essa casa de diversão foi melhorada por proprietário MÁRIO FALCÃO, que substiti as cadeiras, instalou um motor de energia (não existia a energia elétrica oriunda de "Paulo Afonso") eainda instalou um serviço de som que era bom e com músicas maravilhosas da época.

      Anos depois o Dr. Hildebrando Marques, Dentista, casado com uma filha do Brejo, Dona NINA WANDERLEY, foi escolhido para Presidente da FESTA DE SÃO JOSÉ, Padroeiro do Brejo, e para angariar fundos para realização da FESTA, instalou no prédio onde funcionava o GRÊMIO RECREATIVO BREJENSE, localizado à Rua São José,um CINEMA, que tomou o nome do mencionado Santo-Padroeiro. Não haviam poltronas, e sim bancos de madeiras, onde sem encosto sentavam-se seis pessoas. Foi nesse Cinema que foi projetado o primeiro filme nacional em Brejo, com Oscarito e outro.

      Foi aí que a concorrência com o Cine Carlos Gomes "pegou fogo", pois cada qual que quizesse apresentar filmes bons para atrair espectadores. Baixaram de prêço e até prêmios eram sorteados antes da projeção de películas, que geralmente eram de Tarzan e de bang-bang.

      No Cine São José, do Dr. Hildebrando Marques, quando o filme não agradava, os jovens, na saída derrubavam uma banca, que por sua vez saía derrubando as demais, sendo necessário que se mandasse pregar uma talisca de madeira ligando-as, para evitar a anarquia. Tinha um expectador muito conhecido na sociedade brejense, que torcia pelos "bandidos", sob a alegação de que "são uns cabraas moles, como é que tantos homens apanha de um só?" Hoje esses dois Cinemas não existem, e nem outros.

      Houve época no Brejo, que todas as noites as pessoas iam para o SALÃO PAROQUIAL jogar bingo que o Cônego Antônio Duarte, Pároco local, fazia em favor de suas Escolas destinadas às crianças pobres.

      A DIFUSORA PAROQUIAL, distribuia centenas de prêmios, através de respostas a "Charadas novíssimas", a advinhões, bem como às pessoas associadas(haviam Carteiras de Sócio da Difusora Paroquial) e dos programas de "Calouros".

      aprendia-se muitas coisas boas com o Cônego Antônio Duarte. A Difusora Paroquial divulgava notas socias diversas, aniversários, casamentos, e também notas fúnebres e assuntos outros. Era uma mini-estação de rádio.
                


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